sábado, 10 de setembro de 2011

Um dia boteco, boteco para sempre!

Em meio às modernidades os antigos botecos ainda sobrevivem sem perder suas características

O termo boteco provém da abreviação de botequim. Termo este oriundo do português de Portugal botica e do espanhol da Espanha bodega, os quais derivam do grego apothéke, que significa depósito.
Em Portugal a botica era um pequeno depósito, ou loja onde se vendiam mantimentos e miudezas, mesmo significado se atribui a bodega espanhola. São as pequenas vendas onde servem bebidas, algum tira-gosto, fumo, cigarros, balas e alguns artigos de primeira necessidade.
                                        

Além de serem caracterizados por venderem diversos produtos, os botecos passaram também a ser um ponto de encontro entre os fregueses. Já no início do século XX, os proprietários passaram a oferecer aperitivos e bebidas aos clientes, como forma de agrado. No Brasil a origem dos botecos está diretamente associada à abertura dos armazéns portugueses, no Rio de Janeiro do século XIX.

Vistos como um espaço de socialização e entretenimento, os botequins ou botecos, passaram a ser freqüentados pelo público masculino, deixando aos poucos de ser um local apenas para compras rápidas. Posteriormente, passaram também a receber as mulheres.

São locais que não se entregam a modismos, em alguns casos podem ser diferentes entre si, mas apresentam elementos comuns que os agrupam na mesma categoria – como as relações quase familiares entre fregueses e proprietários. A idéia do fiado, de proximidade e da porta de esquina, onde todos se conhecem e se encontram para conversar e tomar aquela “birita” é o que mantém viva a alma do boteco.

Os botecos estão espalhados pelos bairros mais antigos da cidade, um exemplo é o Largo do Divino localizado na cidade de Sorocaba. Que abriga na esquina da praça da Capela um antigo botequim com um nome diferente e que chama a atenção de quem passa pelo local.

É o mais tradicional do bairro e está instalado a mais de 35 anos,  o boteco “Barbaridade”, batizado de acordo com o proprietário José Maria Tomás, por um amigo já falecido. “Eu sempre dizia que ia comprar um boteco e meu amigo falava que o nome seria Barbaridade e realmente foi o que pegou”, afirma Tomás.

Boteco "Barbaridade"- Largo do Divino Sorocaba -SP 

Com a passar de três décadas Tomás conta, que muitas histórias marcantes aconteceram naquele balcão e em todas elas os fregueses são os personagens da vida real.  Casamentos que chegaram ao fim, pois o marido não saí do “Barbaridade”,  pescadores que não saem do boteco, jogos de futebol entre  Tomás e seus amigos fregueses, e o sortudo ganhador da rifa da garrafa de whisky.

Uma história de boteco, Tomás conta que certa vez ele e os amigos, que freqüentavam o Barbaridade, foram jogar futebol. No dia um dos jogadores quebrou o braço. Sem dinheiro para levar o amigo ao médico, Tomás e os outros resolveram rifar uma garrafa de whisky, a rifa deu certo e o ganhador foi Nabu, freqüentador assíduo do boteco. “Nabu é amigo, já é de casa então não entregamos o prêmio e rifamos de novo”, declara Tomás.

Durante a realização da segunda rifa Nabu apareceu no boteco e comprou a rifa novamente, passados alguns dias, o sorteio foi realizado e pela segunda vez ele foi o ganhador, admirados com a sorte do amigo, mas precisando levantar fundos para a recuperação do ferido, uma terceira rifa foi realizada. “Na terceira o Nabu veio aqui e comprou de novo, sei lá que sorte que ele tem e pela terceira vez consecutiva ele ganhou, aí cansei e entreguei o litro de whisky”, enfatiza Tomás, rindo do episódio.

 Fatos engraçados, conversas de boteco, histórias de pescador, uma birita aqui, uma cervejinha ali são as formas de entretenimento dos fregueses, que são muito fiéis e já preservam uma amizade com Tomás desde o nascimento do Barbaridade. 

Um comentário:

  1. O melhor de tudo é que a amizade que se cria no boteco, jamais se dissipa.

    ResponderExcluir

Deixe seu cometário!!
Seja sensato e fique a vontade !!!