sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Uma noite e uma manhã

Uma manhã de verão, banho frio a tv ligada no telejornal... o dvd de mpb rodando no laptop sobre a cama bagunçada. Todos os móveis e eletrodomésticos serviam como companhia, ela conversava com todos, desabafava sua decepções, desilusões, as dores diárias de uma vida cheia de responsabilidade, pouca grana, algumas cervejas ou calmantes para conseguir pegar no sono.

 Era mais uma daquelas manhãs normais de uma semana normal! Não fosse a saudade que atormentara... na noite anterior, desligou a tv e o laptop, seus companheiros inseparáveis, escovou de forma demorada os dentes, se olhando no espelho e perguntando "Será que vai ser sempre assim?". Deitou nos lençóis esticados, a porta da varanda aberta, os pés quentes, a falta de sono. Ela olhava para teto com as costas esticadas e pernas dobradas.

Começou a conversar sozinha, fez a si mesma algumas perguntas, algumas afirmações, até que o silêncio tomou o quarto daquele pequeno apartamento e começou a ouvir a água pingando no ralo do banheiro, aquele tilintar de gotas começou a incomodar. Levantou fechou o ralo, encostou a porta do banheiro e buscou um livro na raque da sala.

Deu início a uma leitura no escuro guiada apenas pela luz do aparelho celular, outro companheiro inseparável dessa vida moderna, até que um pequeno trecho do livro a refletiu como um espelho, grande e limpo:  " Depois de muitas decepções, ela desistiu do amor - e até mesmo das amizades - acreditando que é sempre mais seguro não ter muitas expectativas", era exatamente assim que ela se sentia, insegura, com medo, o tempo todo se protegendo.

Horas antes dessa leitura uma conversa desagradável, porém necessária havia começado, o coração desesperado a fazia falar sobre tudo que até então estava guardado, suas dúvidas, seus medos. Ela fez a pergunta a qual mais desejava ter resposta, demoradamente após algumas explicações obteve resposta. Ouviu coisas que fizeram bem, coisas que qualquer mulher gostaria de ouvir, mas também ouviu coisas desagradáveis que machucaram aquele coração.

Após alguns minutos de leitura o sono chegou, dormiu calmamente, horas depois acordou o calor incomodava seu corpo cansado. Suando buscou o copo com água que estava próximo a cama, pegou o celular e encontrou uma mensagem, leu e pensou em como as pessoas são fracas, em como desistem facilmente ou em como era tudo de fato uma ilusão, afinal aquelas palavras a fizeram entender que já não tinha a menor importância para aquele que um dia a chamou de meu amor.

Atordoada pelo sono misturado em uma noite quente, olhou para a porta da varanda, não teve coragem de levantar, desligou o celular e logo pegou no sono. Acordou mais cedo que o de costume, o sol brilhava e trazia a luz de um novo dia, consultou o relógio, olhou para o teto, depois para a porta do quarto, pensou em tudo que havia acontecido. Resolveu se levantar, escolheu uma roupa leve e confortável, olhou para o espelho os cabelos estavam mais belos que o normal, estranhou!

Sorriu e desejou a si mesma "Bom dia", ligou a Tv abaixou o volume, colocou o laptop sobre a cama e de porta aberta foi para um banho frio. Deixava a água escorrer e refrescar o corpo, a toalha parecia quente, recém passada. Novamente encontrou o espelho, o som que vinha do quarto a dava uma canção de amor, "Se a gente não fizesse tudo tão depressa. Se a gente não dissesse tudo tão depressa, se não tivesse exagerado a dose, podia ter vivido um grande amor..."

Ela refletia sobre a música, cantava um pouco triste e um pouco feliz, uma mistura de sentimentos. Se admirava, com a roupa que escolhera. A pele protegida por bloqueador solar, um pedaço de bolo e um copo de leite foram o café da manhã, dentes escovados, bolsa nas mãos, a tv desligada e o laptop também. Chave na porta e ela saiu para mais um dia normal de trabalho.

Saiu... sentindo saudades, com uma leve dor, mas reconhecendo que é uma bela mulher e que as coisas passadas devem ser deixadas para tráz, afinal a vida trás novos caminhos e foi feita para se viver. Se esse algum amor existiu ela não sabe, agora o que importa é viver e ser feliz como tiver que ser!!

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